Tudo começou com a ideia “Vestir consciente”. Em sala de aula, os estudantes do curso de Tecnologia em Design de Moda, da Universidade Estadual de Goiás (UEG) câmpus Trindade, começaram a experimentar novos materiais para elaborar uma coleção cujo conceito de sustentabilidade partiu de referências que representam os cinco continentes. Depois de muita pesquisa e trabalho, os alunos fizeram uma exposição e um desfile com essas produções na noite de encerramento do 7º UEG Mostra Moda, na última sexta-feira, 26 de setembro.
Na exposição, acessórios e vestidos, produzidos pelos estudantes do 1º ano do curso, mostraram aos visitantes que passavam pelo pátio do câmpus o quão inventivos os alunos conseguiram ser ao trabalhar com algodão cru e com materiais alternativos como caixas de leite, cascas de ovos, fios de plástico e sementes.
Sustentabilidade e mercado de trabalho
A aluna Dabiane Santos Soares expôs sua criação junto às peças que representavam a Oceania. Ela conta que o conceito surgiu das cores das aves do continente. “Poucos conhecem a variedade de aves da Oceania. Quisemos mostrar a leveza e a beleza delas”, comenta. Dabiane ainda ressalta a importância de trabalhar com esses novos materiais. “A ideia das peças é mostrar que não é só com os tecidos finos que se consegue fazer uma roupa bonita e interessante”, diz a aluna sobre a oportunidade de trabalhar com o algodão cru.
A estudante Kadyjha Kagueyama, ao apresentar sua peça, confirmou que produzir para o evento foi uma forma de explorar como a moda pode articular criatividade e sustentabilidade. “Aprender a utilizar esses materiais alternativos amplia nossa visão de mercado de trabalho. O material é essencial para o resultado final da peça e quando eu pensava no algodão crunem acreditava que as peças ficariam tão lindas”, disse a estudante que se mostrava orgulhosa do resultado final de toda a coleção.
Na passarela, as 90 peças apresentadas mostraram o sucesso dos alunos na busca pelo conceito e pela inovação.
A responsabilidade social também foi uma das motivações dos estudantes. Representando a África, foi apresentado um look Safari, ergonomicamente pensado para quem não tem um dos membros inferiores. A moda inclusiva também foi mostrada na representação da Europa, com um vestido conceitual com abertura frontal, fechada com zíper. Essa peça foi pensada para quem tem limitações de movimentos e depende de outras pessoas para se vestir.
O desfile com as peças produzidas pelos estudantes do 3º ano do curso mostrou que os graduandos da UEG estão no caminho certo para ser agentes de transformação do mercado da moda goiano.
Essa impressão é fruto de todo o cuidado com o evento. As músicas e a cenografia tornaram a UEG câmpus Trindade não apenas o palco para o encerramento do 7º UEG Mostra Moda, mas um ambiente propício para a experiência de contar a história desses alunos como futuros designers de moda.
A professora de Produção de Moda, Suely Calafiori, conta da importância de se pensar todos esses detalhes para o desfile. “Os alunos passam a ouvir as músicas dos locais que servem de inspiração. Eles estudam as relações das pessoas com os locais. A partir dessas construções vai surgindo uma nova história. Pra contar essa história, nós pensamos em tudo. Nas músicas escolhidas, na ambientação, na gastronomia apresentada, no modo como a modelo vai entrar na passarela. A ideia é trazer todos os sentidos. Com isso, nossa história vai ganhando forma até chegar à passarela”, explica.
Moda e paladar
O paladar foi um dos sentidos explorados pelo 7º UEG Mostra Moda. Em uma parceria com o curso de Gastronomia da UEG câmpus Pirenópolis, foi servido um coquetel que também teve como inspiração pratos representativos de cada continente. “Pegamos um prato de cada continente para produzir uma releitura meio pirenopolina”, explicou a professora do curso de Gastronomia, Sáforah Jacob.
Sobre fazer parte do evento, Sáforah diz que o grande entusiasmo de colocar os alunos em contato com essas produções é a experiência prática do fazer gastronômico. “Na teoria tudo funciona, mas em um evento assim os estudantes têm a real dimensão do que é fazer acontecer. Essa experiência é essencial para que eles enfrentem o mercado de trabalho”.
Qualidade na formação
Diante da diversidade de formas das produções e do potencial dos estudantes da UEG traduzido em uma coleção ousada e concisa, o reitor da Universidade se mostrou encantado com o que vem sendo produzido pelos alunos da Instituição. “Eventos como esse ajudam a divulgar o curso e mostram que o Design de Moda da UEG tem qualidade e animação para ser uma ferramenta de transformação do setor da moda local. Com inovações e criatividade, é notável que o curso está no caminho certo”, comentou.
A coordenadora do curso de Design de Moda da UEG câmpus Trindade, professora Nélia Finotti, comemorou a qualidade do que vem sendo apresentado no evento. “Estamos na sétima edição e a cada ano estamos conseguindo apresentar um evento com melhor qualidade”, disse.
Em busca da renovação dessa qualidade, o curso vem colocando esses alunos em contato com o que é atual no mercado de trabalho e é por isso que a questão da sustentabilidade está tão presente na formação desses futuros designers de moda. “Hoje, muito se tem pensado no que é inovador. Parece que tudo a gente já viu e parece que tudo é uma releitura do que já foi feito. Por isso a questão do reaproveitamento é tão recorrente na moda. Aplicar a sustentabilidade e incentivar a utilização de materiais alternativos é algo que vem sendo cada vez mais trabalhado em nosso curso”, finaliza Nélia.
Ao final do desfile, um estudante de cada ano do curso ganhou um certificado pela dedicação, pela pontualidade e pelo envolvimento com as atividades do evento.
(CGCom|UEG)